Laura Pausini e o surrealismo de Inedito

Laura se mostra uma artista com muito conhecimento, utilizando em todo trabalho de 'Inedito', elementos artísticos provenientes de obras renomadas.

O movimento surrealista nasceu no início do século XX, em Paris, a partir das teses de Sigmund Freud, criador da Psicanálise, e do contexto político indefinido que marcou este período, especialmente a década de 20. O surrealismo valoriza acima de tudo o desempenho da esfera do inconsciente e manifestações do subconsciente no processo da criação, procurando expressar a ausência de racionalidade humana.
Os adeptos do Surrealismo se valem do método da livre associação e a investigação profunda dos impulsos oníricos. Desta forma eles objetivavam retratar o espaço descoberto por Freud no interior da mente humana, o inconsciente, através da abstração ou de imagens simbólicas.

Desde os primeiros passos, ainda no anúncio de seu retorno, já era possível vislumbrar um forte teor surreal em alguns de seus vídeos. Mais adiante o processo foi evoluindo chegando na capa do cd e principalmente nos vídeoclipes, e grande maioria dos simbolismos usados até o clipe de Benvenuto eram claramente inspirados no artista sueco Erik Johansson.

Erik, é um artista contemporâneo que se usa da escola surrealista para desenvolver seus internacionalmente reconhecidos e premiados trabalhos de arte.

Acima é possível visualizar comparações de situações criadas por Johansson, que foram repetidas por Laura Pausini no clipe Benvenuto.

No vídeo de "Non ho mai smesso", em contrapartida, foi usada uma linguagem, ainda surrealista, mas dentro do contexto da cantora. Neste Videoclipe a cantora se usou de elementos como paraquedas, surfista, nadadores e corredores para se expressar. Por exemplo, é possível durante todo vídeo perceber o encontro do preto e branco com o colorido, que serve para ilustrar de uma forma mais contínua a frase "ho cercato il mio passato" ("procurei o meu passado"), onde o passado encontra o presente e mais adiante o atrasado encontra a evolução.

No vídeo de 'Bastava', o surrealismo serviu de pano de fundo para o desenrolar do clipe. Tratam-se dos grafites encontrados em Amsterdã, na Holanda, que em diferentes cenas aparecem quase coadjuvando com a imagem de Laura em todo vídeo.

Mas, Laura, que antes de cantora havia decidido trabalhar com arte em cerâmica, usou mais de seu conhecimento artístico para seu trabalho musical, dessa vez, nos shows. 

O palco, desenhado pelo arquiteto britânico Mark Fisher, também traz traços inspirados em trabalhos artísticos de cunho surreal, estamos falando de Maurits Cornelis Escher. 

Conhecido mundialmente apenas pelo sobrenome Escher, o artista gráfico (ironicamente holandês), é conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e mezzotints, que costumam representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e metamorfoses. Como se não bastasse a inspiração, há ainda, em determinado momento do show, uma clara citação de Escher no telão do palco (conforme fotografia abaixo), onde aparece um vídeo com cenas retiradas da obra "Relativity" (Relatividade) do artista holandês.

Muitos fãs têm a percepção bastante aguçada para perceber e entender o uso desses elementos. Se quiser compartilhar sua opinião abaixo ficaremos muito felizes.